domingo, 28 de outubro de 2012

Além de Mim



"A primeira vez que fui verdadeiramente amado, eu não amei. Quando recebi um abraço sincero, não senti aquele calor típico. Quando fui beijado com intensidade, eu estava vazio. E neste quadro no qual eu me encontrava, em um momento de ausência do outro ser que possivelmente me completaria, observei duas pessoas que se amavam. Eu consegui sentir, do local em que eu estava, a essência daquela paixão. Tive inveja, desespero, indagações. Inveja porque eu almejava algo parecido, desespero porque o tempo passava e indagações porque nunca me senti merecedor do amor.

Naquela noite interrompi mais um sonho, mas um sonho que não era meu. Não poderia entrar por aquela porta que agora se abria diante de mim. Seria injusto! E a fechei, sem hesitar. E só não senti tristeza por fazer alguém chorar, porque entre o meu bem estar e as conjecturas do outro, sempre fiquei com a primeira opção. Agora o que restou foi o que sempre resta dessas situações. A distância. Os interesses de outrora se foram, as mãos entrelaçadas se desfizeram e por fim os olhos nos olhos encontram-se em um quarto escuro. Afinal, o que foi tudo isso? Amor? Acho que não!"

domingo, 14 de outubro de 2012

Sensações



"Sinto medo de ser feliz. Não sei o porquê, mas sinto. E isso tem ficado forte a cada dia. Sensações estranhas têm se passado em meu coração e também em minha alma. Posso tentar descrever o que está acontecendo, mas não posso garantir que serei bem sucedido nessa explicação. O que sinto é algo parecido com saudade. É uma nostalgia tão forte, tão imensa, que meus olhos chegam a transbordar de lágrimas. É como se eu estivesse em meus últimos momentos e dentro de mim eu soubesse que muito do que pretendo alcançar, simplesmente não será alcançado.

É estranho, eu sei. Mas é difícil tentar explicar algo que só você sente, que só você teme. Tenho vislumbres do que poderia me fazer feliz, mas há uma barreira que me impede de ir além. E ao invés disso, só resta a lembrança de algo que poderia ter sido bom. Agora entendo o que é ter saudade daquilo que eu não vivi. E essa felicidade é tão real que o que me faz permanecer de pé é a vontade de atravessar tudo isso. Não estou apavorado, não! A sensação é de conformidade.

De qualquer maneira, acredito no seguinte: chegamos até onde devemos chegar. Não cabe a mim ou a você dizer o que seria melhor ou mais coerente. Apenas viva! Viva e faça cada instante ser único. É o que tenho feito. Mas se meu corpo vir a falir e eu for requisitado pelos anjos, não se preocupem, estarei bem. E acreditem ou não, estarei observando vocês. Nem um encontro é por acaso. Nem o meu com vocês, nem o de vocês com outras pessoas. Simplesmente era para ser e tenho certeza que aprendi muito, talvez tenha ensinado também. Mas o que vai ficar para sempre é o amor e este, meus queridos, a sábia morte levará junto a mim."