Cheguei à conclusão de que é
impossível mudar o que somos. Por mais que tentemos adotar uma postura que nos
defenda das decepções da vida, lá no fundo, bem no fundo, tudo o que a gente
quer é ser reconhecido de alguma maneira. Talvez pelo nosso timbre de voz, por
um tom humorístico que, porventura, possa fazer parte da gente. Quem sabe por
um perfume característico ou gestos que entreguem nossa insegurança diante de
situações que não estamos preparados para vivenciar.
Se alguém nunca passou pelo que
estou prestes a citar, espero então que nunca passe. Verdadeiramente é uma
confusão daquelas! Há algo que não sai da minha cabeça, que permanece aqui
martelando sem parar. Por que muitas vezes não nos sentimos o suficiente para
ninguém, nem para nós mesmos? Afinal, o que é o suficiente? O que deveria ser o
suficiente? Uma pequena parcela daquilo que somos capazes de oferecer ou tudo o
que achamos necessário oferecer? Ou, ainda, fornecer tudo o que há em nós e até
o que não temos? As dúvidas, como sempre, pairam sobre mim.
Já não cabe, em certas
perspectivas, acreditar que haverá um sentimento mútuo quando tudo o que se tem
são divergências. Estas moldam-se em pequenos detalhes que, no fim, fazem toda
diferença. E só fazem porque nos leva de volta à indagação. Para deixar mais claro
essas ideias inconclusivas, esboçarei o plano maior desse labirinto sem fim. Já
se sentiu amado e, no entanto, não foi capaz de corresponder? Já amou, mas não
foi correspondido? É isso! Por que parece que sempre existe apenas o meio
termo, a metade do caminho, a balança desnivelada? Por que não a completude?
Embora haja algumas respostas, nada mais que particulares, a respeito de tais
questões, a verdade é que nada responde o desejo do agora, da instância em que
falo ou escrevo. O desejo ardente de fazer valer tudo aquilo que temos guardado
com tanto apreço. Mas vamos nos resumir ao “tudo tem seu tempo”. É cômodo e nos
faz acreditar que algo bom está à nossa espera.