sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Torpor


Última sensação de êxtase! Logo em seguida? Alívio, limpidez. Gotas de chuva para dissipar o calor. Sons de trovão, coração acelerado. Mil e um pensamentos perpassam pela mente. Fiz ou farei o certo? Destino incerto. O sono se mistura à melancolia e nada mais tem valor como tinha antes. Tudo se foi. O mundo que fazia parte não é mais seu mundo. Pessoas diferentes, rostos diferentes, outros prazeres. Os conhecidos de outrora se foram. Para onde? Não há resposta. Apenas reside o desejo de reencontrá-los. Mundo novo que é realmente novo, mas sem espaço. Talvez um pouco, mas insuficiente. Antes o ocupava inteiramente. Revolta atrelada à tristeza. Certas coisas não voltarão. Quer seu mundo de volta. Alguém o traga aqui?

Nudez, luzes verdes que piscam, letras pretas em um fundo amarelo, um fone estragado, cama preparada. Mistura de cores, de sensações, de tudo o que vê naquele momento. Sem rumo, sem direção. Apenas o som do fim do mundo lá fora. Fim do mundo? Já tinha se passado, não? O que era tudo aquilo então? Rimas pobres, sem juízo. Tentativas fúteis de preencher o texto. Quanto mais palavras, melhor. Não, quanto mais conteúdo melhor. Conteúdo. Con-te-ú-do. Cadê? Menos se vê, mais se procura. Chances desperdiçadas. De propósito e sem querer. Culpa? Não, Senhor! Simplesmente visões de um determinado instante. Ontem, hoje, depois de amanhã. Dias inundam uma vida inundada pelas tristes ocasiões. Não há chão. Nem para plantio. A chuva lá fora cai em vão, porque nunca houve e nunca haverá flores no jardim.