"Ele era um personagem sem nome,
sem características, sem futuro. Arrisco dizer que ele era menos que isso. Um
esboço, talvez. Mas feito com toda a fúria de um coração ferido. Os traços eram
disformes, não faziam sentido. Nem se observado de perto, muito menos à
distância. Ele era um reflexo do desprazer, da solidão, do nada.
As mãos estavam trêmulas. Lágrimas
caíam sobre o desenho ainda incompleto e borravam a tinta preta. Foi necessário,
foi proposital. Tinha que haver a marca da dor. Não só no traçado forte da
caneta, mas também em seu desfoque. Não conseguiríamos enxergar a cor dos olhos
ou da aura. Sequer saberíamos se continha ali um sorriso. Tudo o que era necessário era a vontade
incontrolável de expor todo aquele sentimento em um papel. Papel esse que fora
amassado, arremessado ao lixo, mas que por um impulso fora resgatado, a fim de
que tudo aquilo tivesse uma conclusão. Mesmo que houvesse um fim sem um fim.
A música agora atingia seu ápice.
Era tocante, forte, contundente. Era a trilha sonora perfeita para aquela arte.
Arte? Depende do ponto de vista. Para ele, esse ser insignificante, todos os
esforços foram utilizados. E a página em branco agora chamava sua atenção. O
que fazer? Esboçar ainda mais o escuro ou reinventar, utilizando novas cores,
personagens mais aprazíveis?"
Que lindeza!
ResponderExcluirQue poetico! =)
ResponderExcluirAmei! Uma constância perfeita, que deixa o leitor sem saber o que pensar ao mesmo tempo que formula todos os tipos de questões em sua mente! Um trecho que retrata uma personalidade forte e decidida, assim como o autor de "o labirinto do fauno" como havíamos falado antes, porém, só agora percebi que este momento todo eu estava conversando com um poeta, e não apenas mais um humano qualquer!
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