sexta-feira, 23 de maio de 2014

Amores Gris


Todos os rostos são seus. Todos! Imagino em qualquer beijo o seu beijo. Sinto em cada toque suas mãos. Cada lugar visitado é com você que eu queria estar. Longe de mim, longe de tudo. Doze horas nos separa. Anseio loucamente seu abraço, suas palavras difíceis. Corpos separados, mentes unidas. O meu tempo tem sido seu. Cada pensamento é você que o inunda. Erro a contagem dos papéis, erro a sequência de números, me perco e não me encontro.

Cadê você que não está aqui? Por que a vida te apresentou, mas com a mesma intensidade o retirou? Sonhos interrompidos, chance desperdiçada. Só um detalhe, apenas um nos divide. Não era para sermos um só? Devo fazer um desejo às estrelas? Devo lhe entregar a outro coração apaixonado? Me diga o que fazer. Estou me desfazendo pouco a pouco.

Sempre imaginarei como seria nossa história. Uma escolha leva a finais diferentes. Já não sei mais que caminho percorrer, porque todos eles me levam a você. É perceptível que haverá uma parte de sua essência em mim, mesmo que eu encontre novos amores. Sinto que existirá e persistirá um hiato em minha vida. Vejo incompletude. Já entendi que não há como fugir, que serei esse louco apaixonado em cada tentativa, em cada instância. O tempo se esgota, assim como minhas palavras. Não sei o que dizer, apenas sentir. E sinto, com toda intensidade, todo furor. Eu sinto e preciso me manter firme a isso. Não posso desmoronar. Não quero! Não mais uma vez.


sexta-feira, 2 de maio de 2014

No Fim do Caminho


Análise profunda. Sentimentos vêm à tona graças ao corriqueiro olhar pela janela e à lembrança do acorde de um violão. Você percebe que não ama e que todas as tentativas foram frustradas. Talvez seja incapaz ou não compreenda o que tem em mãos. O amor como uma arma, uma arma é como o amor. O tiro, em seu caso, sempre saiu pela culatra. Consegue perceber que foi você o primeiro a desistir, a não ir além? Isso o assusta, eu sei. O que lhe apraz são novas sensações, perfumes suaves, toques singelos. Um único enlace é indubitavelmente insuficiente. Encontrou sua fonte da juventude. Aquilo que o mantém vivo, sentindo-se belo, irretocável. Culpa é algo que não sente, fez absolutamente tudo aquilo que julgava correto. E se no fim o que o aguarda é a solidão, não há medo por sua parte.

Tu és a voz por trás da narrativa. Agora é quem comanda. Está irreconhecível, até para si mesmo. Agora és tão misterioso como o amor e talvez tão dúbio quanto. O sonhador jaz em qualquer esquina, não o procure! Vida que segue, segue que vida? Palavras fora do lugar, vida desalinhada, voz desafinada. Um grito na escuridão o representa. Sufocado em si mesmo, vislumbra suas muitas partes. Elas estão por aí, trancafiadas em objetos valiosos que, se descobertos, fazem com que sua força se esvaia. Assim como em contos nos quais o subterfúgio é o sonho, seu caminho é uma estrada amarela. Talvez seja o momento de calçar seus sapatos vermelhos, pois o objetivo é voltar para casa e as respostas estão no fim do caminho.