sábado, 15 de dezembro de 2012

Dias de Glória



“Já se passaram alguns dias sem você e continuo sozinho nesse quarto com paredes vermelhas. A luz agora começa a piscar, parece que ela vai se apagar por completo. Será que eu poderia compará-la à minha vida? Depois de uma longa existência na luz, sinto que a escuridão tomará conta mais uma vez. Porém, essa escuridão da qual me refiro não é algo a ser levado por um ponto negativo. Desta vez ela é necessária. Porque só assim, sem vislumbres, sem sons externos, sem ser incomodado, poderei ter um encontro comigo mesmo. E pretendo sair dele de mãos limpas e de coração aberto.

Quando nossa casa está desorganizada, costumamos dizer: Não repare a bagunça! Assim está minha alma. Assim está o meu coração. Mas não quero dar desculpas, não quero esconder a sujeira por debaixo do tapete. Já fiz isso tantas vezes e agora não tenho mais condições de maquiar qualquer situação que seja. Chegou a hora de fazer a faxina. E como sabemos, uma boa faxina leva tempo e, mais do que tempo, dedicação para que não haja sequer um resquício de poeira.

Tenho me apegado a coisas e pessoas que me fazem bem e me distanciado daquilo que traz péssimas lembranças. Pode ser egoísta dizer isso, mas a distância de certas pessoas nos proporciona um bem inimaginável. O tempo não curou as feridas da vida. As marcas permanecem aqui para serem observadas e para lembrar-me quem fui e quem agora eu sou. Envelhecer tem seus pontos positivos. Enxergar-se mais maduro e capaz de analisar a vida como ela verdadeiramente é, nos safa das muitas armadilhas plantadas no caminho. Mas também nos tira o brilho de uma vida que, idealizada por nossos sonhos, era muito mais bonita. Perdemos o encanto e não fazemos mais parte de um história com final feliz.

No percurso até aqui aprendi, chorei, desaprendi, fingi não me importar para não me sentir só, sorri, dancei, caí e me levantei. Mesmo aqueles que vencem uma corrida, precisam retornar ao ponto de partida para tentar vencer de novo. E assim é a vida. Há dias de glória, há dias de névoa. Mas continuar é preciso! Ninguém disse que seria fácil.”

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