domingo, 23 de setembro de 2012

Nostalgia



“Não consigo dizer se ter enxergado o mundo como ele realmente é foi algo bom. Às vezes penso que ter ficado na ignorância era a melhor saída. A cegueira se foi e agora vejo-me em uma profunda nostalgia. Sinto falta daquele menino que eu era. Sonhador, esperançoso e que acreditava no amor. E foi esse amor que me traiu, que me fez ver que eu me encontrava em uma fantasia. Agora estou aqui, no mundo real. Mas ainda me pego vislumbrando pedaços daquele mundo em que eu vivia. Pedaços sim, porque tudo desmoronou. Mas não me machuquei, foi mais um susto mesmo. Tente entender, é como se fosse um quebra-cabeças. Só que neste as peças não se encaixam, ficam sozinhas, sem um par, embora eu consiga relembrar através delas a imagem que anteriormente existia.

Esses dias mesmo eu estava em um ônibus e ao olhar pelo vidro da janela avistei uma van, na qual havia uma criança. Ela olhou para mim e sorriu. Após o belo sorriso, um aceno de mão foi seu último ato. Pois saibam que eu retribuí o sorriso, bem como o aceno. E são estes pequenos atos que me fazem acreditar, mesmo que por um breve momento, que o bem ainda está em meio a tanta maldade. A alegria dessa criança me fez chorar, me fez entender e ser entendido. Mas agora os dias estão frios, minha cama está fria, meu corpo está frio, minha alma também. Jamais pude imaginar que um dia eu chegaria a esse ponto. Mas cheguei. Peço desculpas se sou incapaz de ser como eu era, e por ter desacreditado em mim. Estou desaparecendo com essa névoa que me encobre. Estou me tornando uma lembrança longínqua. Espero que o seu destino não seja como o meu. Espero que você continue nesse labirinto que reside seus mais lindos sonhos, e torço para que ele não tenha uma saída."

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